#26 – La Gruta – Arequipa – Peru
A minha ideia inicial era cruzar a rota mochileira mais básica da América do Sul. Pegar o “Trem da Morte” na divisa com a Bolívia e subir até Santa Cruz de la Sierra e depois passar por Cochabamba, La Paz e Copacabana. Cruzar o Titicaca, e já do lado Peruano, passar por Puno, Arequipa e finalmente chegar na Capital do antigo Império Inca: Cusco.
No meio do percurso, quando estava pegando um Truffi lotado, em Cochabamba, em que o motorista não respeitava nenhum sinal vermelho (ou preferência) e utilizava muito mais a buzina do que o freio do veículo, tomei a decisão de percorrer apenas a Bolívia e deixar para o futuro próximo uma viagem exclusiva para o Peru.
O futuro próximo havia chegado e em outubro de 2014 (dois anos depois das corridas malucas de Truffi pela Bolívia), estava ao lado de minha namorada, caminhando por tierras peruanas à sombra do vulcão Misti, na cidade branca de Arequipa.
A cidade colonial de Arequipa está a 3.810m de altitude e é o clássico ponto de partida para explorar a região dos Cânions ou até mesmo um lugar de descanso e aclimatação para posteriormente navegar o Lago Titicaca.
Se você estiver em Puno, há opções baratas de ônibus até Arequipa, mas se você estiver em Cusco, melhor pegar um voo doméstico, pois o transporte terrestre (Cusco-Arequipa) é extremamente cansativo.
Arequipa está planejada conforme as outras cidades coloniais espanholas. A Plaza de Armas é o centro e o ponto de partida para todas as direções.
Você saberá que está na Plaza de Armas, pela quantidade de pombos no local. É impressionante!
Para fugir dos pombos, pegue a direção da rua General Morán e pare na sorveteria – Heladeria Ice Palace. Haverá um cartaz dos benefícios de tomar Jugo Verde (eliminan grasa; te ponen de buen humor; hidratan…), mas como você está de férias, vá de sorvete mesmo. Lúcuma, Pecana e Pisco Sour são boas (e exóticas) opções.
Se você odeia sorvete, ao lado da Catedral está o Farren’s Irish Bar e como seu tour para os Cânions ainda vai levar um tempo, pode ser um lovely day for a GUINNESS…
Interessante notar que as casas no centro de Arequipa foram construídas de sillar, que é uma rocha vulcânica branca.
Devido a essa rocha vulcânica sillar, a cidade ganhou o apelido de “la Ciudad Blanca”.
Interessante notar também que fora do centro, as placas das ruas não estão cravadas nos muros e muito menos fincadas em postes como ocorre em vários cruzamentos no Brasil (e como já estamos tão acostumados a testemunhar).
Na cidade branca, algumas ruas estão identificadas como na foto de hoje da calle La Gruta.
Ao lado da rua, no lugar de um poste, há uma peça de concreto com caracteres negros, identificando o nome da calle.
Na verdade, foi a primeira vez que encontrei esse estilo tão diferente de endereçar e identificar o nome das ruas.
Bueno… quem sabe poderia ser um terreno fértil a ser explorado pelos arquitetos, paisagistas, urbanistas e planejadores de espaço urbano…
La gruta é uma pequena rua de 500 metros que começa no Parque Selva Alegre e termina no hotel La Gruta.
Antes de ficar hospedado no grandioso hotel MonteTaxco, o hotel La Gruta perdurava como o melhor hotel em que tive a oportunidade de ficar (padrão budget travel). Economize um pouco nas cervejas Arequipeñas para ficar algumas noites rodeado de hortênsias azuis no La Gruta. Vale a pena o descanso!
No dia da visita ao Cânion del Colca e do Cotahuasi, deixe sua mente viajar enquanto você apenas observa as lhamas, alpacas e vicunhas no vale.
É uma parte do retrato do Peru.
Depois de ouvir quase todas as músicas de Carmencita Lara, reze para chegar cedo na Cruz del Condor e ainda sem muitos turistas ruidosos, conseguir observar a maior ave voadora do mundo (Condor) planando nas correntes térmicas do Cânion.
Se você puder incluir no seu tour o rafting no Rio Colca, faça-o! Don’t think twice… Os rios Colca e Cotahuasi estão entre os melhores circuitos de canoagem do mundo.
Mais uma vez em Arequipa, pegue um táxi amarelo minúsculo da Marca Daewoo, chamado Tico (provavelmente seu celular custará ainda mais do que esse veículo), desça no centro e procure algum restaurante andino.
A culinária peruana é uma das mais saborosas do mundo e eles levam muito a sério a arte de comer bem.
Lomo saltado, rocotos rellenos, ceviche, aji de gallina… São especialidades peruanas que você deve experimentar.
Apenas não recomendo o cuy (porquinho-da-índia) assado. Ainda que seja um prato típico peruano, não há nada de carne (apenas pele). Na verdade, ainda me arrependo de ter provado, mesmo sabendo que os peruanos consomem mais de 20 milhões desses porquinhos-da-índia por ano.
Mesmo não visitando a múmia de gelo Juanita no Museu Santuarios Andinos de la Universidad Católica de Santa Maria e não dando o devido valor as mansões coloniais do Monasterio de Santa Catalina, Arequipa foi um lugar que deixou saudades…
Porém, Cusco – a Capital do antigo Império Inca, figurava como o próximo destino e o melhor da viagem pelo Peru, ainda estava por vir…
Old Misa