#49 – Periodistas Argentinos – Villa María – Argentina
A Fábula do Pescador
Tão estranho e improvável quanto encontrar a melhor e mais completa matéria sobre células-tronco naquele jornal da Folha Universal que é distribuído gratuitamente em hospitais, ruas e presídios, foi encontrar a fábula de um pescador latino em um encarte de jornal argentino na parte dos classificados…
Isso aconteceu no mês de maio de 2018…
Tinha saído de Córdoba e meu destino final era a bela cidade de Rosário…
A rodovia escolhida: Ruta Nacional 9 ou simplesmente RN 9…
Uma parada estratégica em uma viagem terrestre é sempre positiva e recomendada e a parada aqui foi na cidade média de Villa María…
Depois do banheiro, café e empanada (nessa ordem), apanhei um jornal desses que você encontra no metrô ou na padaria da esquina…
Em uma combinação louca de Lei de Parkinson e a estratégia Zé Pequeno de “só sei lê só as figura”, consegui reter apenas uma tirinha da Mafalda (como sempre genial e de uma perspicácia ímpar) e uma fábula de um pescador latino…
A maconha foi liberalizada no vizinho Uruguai, mas é na vizinha Argentina onde você encontra fábulas, tiras, opiniões e sátiras na parte dos classificados…
Eu já tinha lido a mesma fábula do pescador latino em algum livro, mas com um outro título…
O que me fez guardar ainda mais esta fábula, foi o fato de que, naquele dia, eu estava justamente na rua periodistas argentinos…
Periodistas são jornalistas na nossa língua…
E graças a algum periodista argentino, pude relembrar e guardar a fábula do pescador…
A fábula é muito boa porque nos obriga a fazer uma reflexão…
Reflexão esta que nos mostra que viver com qualidade de vida não é um privilégio exclusivo dos mega-ultra ricos…
Com o perdão de algum possível erro de tradução e sem mais delongas, “vamos a la playa”…
…
Um homem de negócios norte-americano tirou férias e por ordem médica, foi para uma pequena vila de pescadores…
Sem conseguir voltar a dormir após uma chamada telefônica urgente do seu escritório, ele saiu da pousada para dar uma volta no píer e esfriar a cabeça.
Um humilde barco com um único pescador acabava de atracar e dentro do barco havia uma pequena quantidade de peixes frescos…
O norte-americano aproximou-se do barco, cumprimentou o pescador e ficou fascinado com a qualidade dos peixes…
Ele parabenizou o pescador e perguntou quanto tempo levou para que o pescador trouxesse aqueles peixes.
“Só um tempinho”, respondeu o pescador.
“Porque você não ficou mais tempo para pegar ainda mais peixes?”, o norte-americano tornou a perguntar.
“Eu peguei peixe suficiente para mim, minha família e até mesmo para dar um pouco para os meus amigos”, disse o pescador.
“Humm… Mas… o que você faz com o resto do seu tempo?”, indagou o homem de negócios.
O pescador olhou para ele, sorriu e respondeu em um tom calmo e relaxado:
“Eu brinco com meus filhos, tiro uma soneca a tarde, dou uma caminhada pela vila à noitinha com minha esposa para beber vinho e tocar violão com meus amigos…
“Eu tenho uma vida completa e muito boa!”, arrematou o pescador.
O homem de negócios deu uma gargalhada e decidiu que era melhor aconselhar o pescador: “Olha, eu tenho um MBA em Harvard e vou lhe ensinar um pouco sobre negócios…
“O que você deve fazer é passar mais tempo pescando e vender o excedente. Com o dinheiro extra que você vai ganhar você pode comprar um barco maior e empregar algumas pessoas para lhe ajudar…
“Logo você terá dinheiro suficiente para comprar vários barcos e eventualmente abrir uma empresa.” Ele continuou. “Olha, uma vez que sua empresa tenha crescido, você começa a exportar seu peixe. Aí você começa a vender direto ao consumidor, sem intermediário, controlando o produto, o processamento e a distribuição. Aí você se muda para uma cidade grande e emprega os melhores gerentes do mundo para lhe ajudar a expandir o seu negócio.”
O pescador questionou: “Mas senhor, quanto tempo vai levar isso tudo?”
Ao que o homem de negócios respondeu: “De quinze a vinte anos, no máximo.”
“E depois, o que faço, senhor?” perguntou o pescador.
O homem de negócios sorriu e respondeu: “Aí é que vem a grande recompensa! Na hora certa você vende as ações de sua empresa ao público e torna-se muito, muito rico, com milhões de dólares em seu nome.”
O pescador ainda não tinha entendido bem o propósito de tudo aquilo: “Milhões de dólares? E o que eu faria com todo esse dinheiro?”
E o norte-americano respondeu: “Você se muda para uma pequena vila de pescadores no litoral, dorme até mais tarde, brinca com seus filhos, ou melhor, com seus netos. Tira uma soneca a tarde e à noitinha vai dar uma caminhada pela vila com sua esposa para beber vinho e tocar violão com seus amigos.”
“Mas já não é isso que eu faço hoje, Senhor?”, respondeu o pescador…
…
Old Misa
P.S.: A Lei de Parkinson diz o seguinte: “O trabalho se expande de modo a preencher o tempo disponível para sua realização”.
Parkinson dizia que se você tivesse uma tarefa para ser realizada dentro de 20 minutos, daria todo seu esforço e empenho para cumpri-la dentro do prazo. Por outro lado, se essa mesma tarefa fosse estipulada para ser cumprida em um dia, gastaríamos todo o tempo disponível para também cumpri-la dentro do prazo.
Diego Monteiro
dezembro 13, 2019 - 5:06 pm
Como sempre excelente o texto cabronzito, cada vez melhor.
oldmisa
dezembro 13, 2019 - 7:51 pm
Valeu Cabrón!!
Obrigado irmão!
Marcelo Xisto
dezembro 21, 2019 - 7:44 pm
Excelente Mestre Misa. Esta fábula me faz lembrar da frase: ” …se quem quase morre, ainda vive, quem quase vive, já morreu!”. Forte abraço amigo
oldmisa
janeiro 17, 2020 - 6:16 pm
Sensacional Mestre Xisto!!