#8 – Rue Henri Fazy – Genebra – Genève – Suíça – CH
Meus caros do Placa de Rua, hoje vou fugir do tema e comentar um pouco sobre este pequeno país alpino (como o chocolate). Inversamente proporcional ao tamanho do seu território (cuidado, tamanho não é documento quando falamos em Suíça), tenho uma enorme admiração por esta Confederação formada por 26 Estados, intitulados Cantões.
Compreenda: situado na Europa Central, o território da Suisse é bem menor do que o Estado do Tocantins.
Na verdade, quando penso em um país, este é um dos pouquíssimos países em que meu apreço decola (do mesmo modo que aquele lindo avião que carrega aquela cruz equilátera branca, perfeitamente inserida no centro de um quadrado vermelho, no seu leme).
Este país salta na nossa mente quando rapidamente pensamos em sistema financeiro eficiente e paraísos fiscais, pois o caixa-forte do mundo certamente é a Suíça (e tem muita grana de Brazuca depositada por lá, mas não me pergunte como ou a origem).
A adoção de regras mais transparentes em relação ao dinheiro que era estocado (riqueza é estoque) nos seguros bancos suíços causou muita insônia em abastados por aí. Note que, do mesmo modo que o “Velho Chico” silenciosamente percorre curvas até chegar tranquilamente ao mar, o dinheiro dessa brazucada começou fluir e desembocar (secretamente, ou melhor, malandramente) em paraísos caribenhos com nomes finos e camuflados (senhores, o Brasil não é para amadores – DEFINITIVAMENTE).
Apesar de o sistema financeiro ser o mais lembrado por estrangeiros, o grande motor da economia Suíça é a indústria.
O chocolate que minha tia mais ama é Suíço. Meu canivete (que fica devidamente acondicionado esperando avidamente por novas aventuras) é Suíço. O relógio do James Bond é Suíço.
Olhe os produtos do café da manhã que você (cuidadosamente) comprou para o seu filho e observe depois, em algum produto, um pequeno logo chamado Nestlé. De onde é a Nestlé?
Você já se perguntou onde é a sede da Syngenta? Sabe o que é isso? Acredito que é uma informação relevante para quem vive em um país que exporta basicamente grãos (agora faça a lição: Quem detém a tecnologia e quem é o exportador de commodities? – tente comprar sempre do pequeno naquela feirinha do seu bairro, esqueça as grandes cadeias, por favor).
Muito complicado esse papo de Commodities e tecnologia? Sem problemas! Você provavelmente tem algum conhecido que planta café em Minas, Espírito Santo, Sul da Bahia, Paraná… essa pessoa tem que rezar muito para não passar por adversidades, como falta de chuvas (ou excesso), a temperatura deve ser ideal, além de caprichar nos espantalhos (para você ter uma noção, as cargas de fungicidas, herbicidas e inseticidas são tão caras que necessitam de escolta) para evitar as pragas. Ele ainda cruza os dedos para conseguir pagar o custo de produção e pela uniformidade dos grãos. Depois de tudo isso ele ajoelha para que as situações do mercado estejam favoráveis. Não é fácil!
Tenha em mente que o brasil é o maior produtor e exportador MUNDIAL de café.
Você já observou como é a saca do Café do Brasil? Já tentou levantar os 60 kg daquele fardo? Já viu como a embalagem é rústica, imperfeita e campesina? Sabe quem é o lavrador de café, que rala no interior do Brasil, de sol a sol, e é menosprezado/desvalorizado pela sociedade brasileira (apenas lembrado e exaltado por Cândido Portinari em suas telas) ?
Acontece que na cozinha (ou na sala) de alguém próximo daquele cafeicultor terá uma máquina vermelha escrita Nespresso. Você já reparou como é aquele aparato? Prestou atenção nas cápsulas com nomes vangloriosos? Terá você um sabor preferido? Já viu como é leve e suave (lembre-se do fardo rústico, campesino e pesado)? viaje na perfeição, na modernidade e no design que combinam perfeitamente com a decoração da casa. O cafezinho sai em questão de segundos… ahh, e sabe aquele menosprezado lavrador da roça? Agora é o George Clooney que te convida para um delicioso expresso.
What else?
Depois disso, tenha curiosidade em olhar na refinada caixa de cápsulas da Nespresso, a origem daquela empresa…
No primeiro caso, você precisa ir até a lavra. No segundo, você encontra no seu moderno e preferido shopping da grande cidade… What else?
Na primeira ocorrência é um peão, que rala feito um condenado, e você quer distância daquela figura repugnante. Já no segundo cenário é um galã internacional, conhecido, adorado e desejado por sua esposa, mãe, tia, irmã, namorada, professora e todo público feminino que você conhece. What else?
Melhor parar por aqui, mas reflita um pouco…
As lições de Celso Furtado e Raúl Prebisch não entram na nossa cabeça, e com certeza, todos os valiosos ensinamentos de Kotler não estão disponíveis no nosso idioma. Só pode!
Você sabe quantos pés de café há na Suíça? Aproveite também a oportunidade e pergunte para aquela minha tia, que gosta de chocolate, quantos pés de cacau estão plantados naquele território de montanhas.
Enquanto você está refletindo e curtindo aquele circuito de Fórmula-1, a publicidade dos bancos e relógios suíços estão na frente do Hamilton, Vettel e todos os outros, mas eu ainda preciso te dizer que até na mochila de um grande amigo há aquela mesma cruz branca do leme do avião.
Meu Deus, ela também está até na escova de dente da minha namorada.
Ok, calma… Como sou viciado em números e gráficos, vamos mudar de tema (pelo amor de Deus). Você viaja em Rankings? Se sim, digite no seu veloz buscador: Ranking IDH. Agora observe a posição da Suíça. Agora olhe onde estamos. Muito bem!
Que tal olhar o PIB – Per Capita? Bom garoto!
Você não precisa ser um economista para fuçar um tal de índice Big Mac, elaborado pela revista The economist, mas dê uma escarafunchada nisso. Observe bem a posição da Suíça. EU DISSE BEM! Fíjate bien!
Ok… se você não entendeu, não se preocupe, você entenderá quando estiver passeando por terras alpinas, um pouco sobre o que é uma moeda forte, valorizada e com um brutal poder de compra. Você vai agradecer quando sair de lá e voltar a pagar em Euro na vizinhança. Pode apostar!
Falando em revista, já observou que toda edição da revista Forbes tem alguma matéria falando sobre a Suíça? Já teve alguma curiosidade em saber o público-alvo desta publicação?.
E falando nesse target… Você sabe a origem do cidadão mais rico do nosso querido e amado (Pega Fogo Cabaré) Brasil?
Reflitam mais um pouco…
Ok, Vamos mudar de tema mais uma vez. Está localizada na Neutra Suíça, especificamente em Genebra, uma das sedes da ONU. Você sabe o poder desta Organização no Mundo, não é? E o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados – ACNUR, que é um órgão da ONU e tem a missão de proteger e dar apoio aos refugiados, também está localizado em Genebra, também na neutra Suíça.
A organização humanitária, independente e neutra (como o país) Cruz Vermelha, que presta assistência às vítimas de guerras e abusos de agressão, também está localizado em Genebra. Mais uma vez na Suíça.
Antes que você me peça para mudar de tema, mais uma vez, veja onde está a OMC – Organização Mundial do Comércio. De novo em Genebra, Suíça.
O que é isso? Podemos falar de esporte? Claro que sim, mas você precisa saber que há outras coisas mais rentáveis além do futebol e para encurtar isso, o esportista que tem os maiores ganhos (sem incluir salários, bônus e renda de investimentos) e que deixou para trás Usain Bolt, Tiger Woods e Neymar, é tenista profissional e chama-se Roger Federer. E claro, ele é Suíço.
Como conseguem atrair cifras de dinheiro estratosféricas assim?
Meus caros do Placa de Rua… é muito sério isso… de verdade!
Fiz questão de sair do padrão e utilizar uma fonte tipográfica sem-serifa no meu logo, muito popular aqui no Brasil, na Áustria ou para onde você apontar o dedo no mapa agora. Foi desenvolvida em 1957 por Max Miedinger e Eduard Hoffman no Haas’sche Schriftgiesserei em Münchenstein, na Suíça.
Meu Deus! até este texto que vocês estão lendo agora está exibindo um design Suíço. Obrigado Helvetica, mas preciso urgente de alguém que utiliza os princípios do Mestre Carl Jung porque estou começando a pirar… Arghhhhh!
Suíça, Suíça, Suíça, Suíça…
Os trens funcionam com precisão absurda, mas as paisagens vistas de dentro deles são ainda mais que impressionantes no país em que se falam francês, italiano, alemão e onde todo mundo entende bem o idioma inglês.
Safe Switzerland!
Precisão, pontualidade, chocolate, canivetes, queijos, relógios, moeda forte, segurança, dinheiro (muito dinheiro), confiança… O que é isso? Com certeza é muito mais que Place Branding.
E saiba que pode estar nascendo neste exato momento a empresa que controlará o mundo, sua vida ou tudo em um futuro próximo, naquele território que tem apenas montanha e gelo. Resultado de um sistema de educação levado a sério e maciços investimentos em ciência e tecnologia. Enquanto isso estamos nos desindustrializando cada vez mais.
Tá tudo certo, afinal, você colhe o que planta (portanto, escolha cuidadosamente suas sementes).
Portanto, tenha admiração (pelo menos respeito) por aquele CH colado ao lado da PLACA daquela Lamborguini laranja (ok, pode babar pelo carro também, eu deixo) que você observou no Quai du Mont-Blanc, em Genebra (enquanto seu sorvete quase caía).
Aquele CH é um exemplo claro de como um país montanhoso, com um território menor do que muitos Estados brasileiros, com quase nada de recursos naturais e sem saída para o mar é referência em tanta coisa absurda de boa (ok, não vou pedir para você imaginar o nosso potencial, mas talvez, pense e reflita um pouco acerca da nossa capacidade de conversão).
Não consigo mesmo parar: Até o que li há alguns anos (leia-se, muito tempo) em um livro que estampava algumas cédulas impecáveis, conhecido como “Os axiomas de Zurique”, permanecem gravadas na minha cabeça…
Não precisa procurar. Calma, com a permissão de Max Gunther, vou repetir o trecho aqui para vocês, meus queridos e queridas do Placa de Rua:
“Vejam o quebra-cabeça que é a Suíça. Essa minha terra ancestral é um lugarejo pedregoso, com uma área menor que a do estado do Rio de Janeiro. Não tem 1 centímetro de litoral. É uma das terras mais pobres em minerais que se conhece. Não tem uma gota de petróleo que possa chamar de sua e mal consegue um saco de carvão. Quanto à agricultura, o clima e a topografia são inóspitos a quase tudo.
Há trezentos anos a Suíça se mantém fora das guerras europeias, principalmente porque, durante todo esse tempo, não apareceu um invasor sequer que realmente a quisesse.
Com tudo isso, os suíços estão entre as pessoas mais ricas do mundo. Em renda per capita, comparam-se aos norte-americanos, alemães e japoneses. Sua moeda é das mais fortes do mundo.
Como conseguem isso?”
Como conseguem??
Ok. Parei!
Preciso voltar à minha querida, linda e magnífica PLACA DE RUA deste historiador e político suíço. Se ficar escrevendo sobre a Suíça… (mesmo adorando isso) não vou sair daqui tão cedo (tipo aqueles malucos viciados que traçam a madrugada jogando).
(Se com a Suíça estou desse jeito, nem sei como vou fazer quando tiver que tecer comentários sobre alguma PLACA DE RUA clicada na Alemanha – Meu Deus…)
Henri Fazy nasceu em 31 de janeiro, de 1942, na cidade de Berna – Sede das Autoridades Federais e que soa muito bem ao país Tupiniquim (para os mais curiosos estou falando do Laudo de Berna, de 1900). Como historiador, acho que ele iria curtir essa informação.
Membro do Partido Radical-democrático, arquivista e também professor de história suíça na Universidade de Genebra. Escreveu obras de extrema relevância para seu país e principalmente para o Cantão de Genebra, como por exemplo:
- Constituições de Genebra (1890) (em francês).
- A aliança de 1584 entre Berna, Zurique e Genebra (em francês).
- Les Suisses et la Neutralité de Savoie (1895)
Nosso homenageado hoje, Henri Fazy, faleceu em 22 de dezembro de 1920.
Do mesmo modo que você curtiu visitar o túmulo do Jim Morrison no famoso cemitério do Père-Lachaise, em Paris ou da Evita Perón, na hermosa Recoleta – Argentina; faça o mesmo com Henri Fazy. Seu túmulo está no cimetière des Rois, em Genebra.
Old Misa