#11 – Urrutia – Ansorena – Pucón – Chile

Placa de rua Urrutia com Ansorena, em Pucón, Chile

Aprecio muito uma boa vista (do tipo varandão com vista pro mar) e o cruzamento da Ansorena com Urrutia, em Pucón, é muito mais que impressionante. Na verdade, ainda tenho gravado na memória a vista do vulcão e essa magnífica placa de rua, de uma das cidades mais encantadores que já conheci.

Pucón, no Chile, é um ambiente realmente encantador. Foi um dos lugares em que me perdi apaixonadamente e não queria mais sair daquele paraíso, escondido nas costas da Patagônia Chilena.

05 dias de puro descanso e perfeitos para uma reflexão profunda. Como seria viver em um lugar tão belo como aquele? Poderia cambiar o ritmo da minha vida por um mais tranquilo?

É muito bizarro tentar buscar a felicidade em valores externos (dinheiro, posses, grifes, aceitação…) quando a mente e a paz interior controlam tudo. Man… and you know… sucks! A gente acaba ficando refém de um lifestyle que não é o nosso (você precisa ter o “carro X”, estudar na “escola Y”, morar no “bairro Z”, comprar roupas na “loja tal”…)

Também tive a mesma reflexão quando estava na parte sul da Ilha de Floripa (muito próximo da praia Lagoinha do Leste, que é uma das minhas favoritas)…

Tripulação de Cabine… O fluir da vida é do nosso mundo interno para o externo. É preciso organizar o que está dentro de você. O segredo é exercer princípios de paz interior… Esqueça todo o resto…

Tripulação… Foi em Pucón que notei de verdade o quanto a qualidade de vida é importante.

Viver em uma casinha de madeira rústica, cuidar da sua horta orgânica, levar seu “perro” para um passeio… desacelerar… Quem sabe um deck estrategicamente posicionado para o imponente e ativo Vulcão Villarrica… nada mal!

Enquanto minha mente estava longe, o fogo crepitava na lareira do hostel familiar. O chá na caneca Mapuche para esquentar as mãos, servido por uma senhora gentil e um mapa do natural Parque Nacional Huerquehue, para traçar rotas e começar a brincar.

Enquanto a fumaça percorria a chaminé e as deliciosas cervejas Kunstmann de mel esfriavam na geladeira, naranjitas de chocolate eram devoradas.

Poder desfrutar de uma trabalhosa trilha no sendero San Sebastian, cercado por montanhas cobertas de neve/gelo ao lado do imenso Lago Caburgua (para os mais aventureiros) ou simplesmente relaxar e esquecer do tempo em alguma das muitas Termas que a cidade oferece (para os mais descansados) é genial e ter uma cidade que oferece tudo isso, realmente não tem preço.

Para manter o corpo aquecido, a barriga satisfeita e a mente distraída, eu não queria mais sair de um lugar chamado Club 77. Os mapas impecáveis da região, o ambiente bem decorado com as placas de carro do mundo inteiro (você vai encontrar placa do Panamá e até uma intrigante, de uma cidade muito pequena do Mato Grosso por lá, antes de saborear a deliciosa cena), as fotos do Villarrica em erupção, e o tratamento do pessoal me cativaram de um jeito que deu vontade de trabalhar como garçom naquele lugar por um bom tempo (a gorjeta e o telefone daquela señorita ruiva de óculos seria um plus).

Não estou fazendo publicidade aqui (acho que essa aludida galera nunca vai nem ler isso), mas foi genial descobrir outro lugar muito dulce por lá também. Estou falando de uma tienda de tradição e decoração tipicamente alemã, chamada Spezialitäten.

O que fez aquela chocolateria ser um ponto de visitação diária, antes das descidas de Snowboard na neve presente no Vulcão, foi um docinho com a cara do Villarrica chamado: Volcancitos de manjar (claro, as almendras fileteadas, as hojitas de menta e a mulher – com traços germânicos – que estava no caixa, também contribuíram fortemente para que aquele lugar fosse uma parada mais que obrigatória).

Parada obrigatória mesmo é o cruzamento da Ansorena com Urrutia. A mais linda Placa de Rua, toda em madeira, com o desenho do vulcão perfeitamente entalhado está lá e você vai comprovar isso algum dia. Talvez você nem perceba isso, mas você nunca esquecerá a essência daquele paraíso chamado Pucón (e a areia negra da praia Villarrica).

Logo, consigo aclarar a história da Calle Ansorena. Miguel Ansorena Yparraguirre, nasceu na terra do Euskara (País Vasco) e chegou ao Chile ainda no século XIX. Após ocorrer um incêndio em sua propriedade que funcionava uma empresa de construção de embarcações e álcool, em Puerto Saavedra (Chile), Ansorena deslocou-se para Pucón, após receber do Governo uma significativa porção de terras para colonizar. Foi um dos primeiros habitantes de Pucón e tornou-se um próspero proprietário de terras tanto no Chile quanto na Argentina.

A outra rua em que aquele aventureiro com botas sujas, corta vento verde e caminhonete japonesa de cabine simples e muito antiga vai cruzar, refere-se ao General de Brigada, do exército Chileno, Gregorio Urrutia Venegas, que lutou em guerra contra a Espanha, fundou Traiguén e galgou postos importantes no exército.

Espero que você ande, aprecie e respire intensamente naquelas ruas limpas e floridas. Espero que faça isso antes de soar o alarme do Semaforo de Alerta Volcanica e você comece a correr desesperadamente para a Vía de Evacuación. Mantenha a calma. Veja se os locais estão em pânico. Se os chilenos não estão preocupados, então não se preocupe. Não há motivos. Tá tudo certo! Com certeza foi a sirene da Segunda Compania de Bomberos que bradou (Ufa)!

Naquele último dia, antes de voltar para Temuco, tudo que mais queria era perder de vez aquele ônibus, caminhar tranquilamente até a chocolateria Spezialitäten, olhar dentro dos olhos da senhorita do caixa e pedir:

Diez volcancitos, Por favor!

Old Misa

#10 – Ulica Łączności – Łazy – Polônia – Polska
#12 – Rue Charles Dullin – Lyon – França – France

Comments

  1. Pucón deixou saudades… S2

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